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Os duelistas

Os duelistas

meteorologia: friozinho
pecado da gula: sorvete de bayley’s
teor alcoolico: 2 stella artois
audio: add #803

“The duellist demands satisfaction.
Honour, for him, is an appetite.”


The duellists, direção de Ridley Scott

Resolvi assistir ao filme principalmente pela direção ser de Scott. Na sua filmografia estão alguns dos meus filmes prediletos, começando por Blade Runner (o primeiro dele a que eu assisti), passando por Thelma & Louise e Gladiator, sem esquecer da franquia Alien, que se iniciou por suas mãos. Meu interesse era saber como um cineasta iniciante conseguiu emplacar seu filme de estréia e ser premiado em Cannes. Não me decepcionei.

Esteticamente falando, o filme é arrebatador. A belíssima fotografia já é motivo suficiente para elogiá-lo. O requinte visual das cenas não é apenas um recurso estético, contribui para ambientar o espectador ao cenário oitocentista da estória. Alguns fotogramas assemelham-se a pinturas impressionistas. Várias vezes, enquanto assistia, tive a sensação de estar diante de um quadro de Renoir ou Monet. Sem trocadilhos, impressionante.

Mas não é apenas isso. A narrativa bem construída captura o espectador desde o início. Baseado numa obra de Joseph Conrad – autor de “Coração das Trevas” (vale um post também) – “The point of honor” traduzido como “Os duelistas”, a estória é de uma simplicidade quase irritante. Na França de Napoleão, dois soldados franceses – Feraud (Harvey Keitel) e D’Hubert (Keith Carradine) – se desentendem por uma ninharia e iniciam um duelo (proibido a oficiais em tempo de guerra). Impedidos de continuá-lo, eles retomarão a contenda a cada vez que seus caminhos se cruzarem durante os quinze ou vinte anos seguintes. O pano de fundo são as guerras napoleônicas. Aos fãs de história da França, ou de Napoleão, faz parte da diversão identificar cada uma das batalhas de que participam os oficiais nos “intervalos” de seus embates.

Não li o livro (já está encomendado), mas aparentemente o roteiro não foge muito da abordagem de Conrad. O motivo inicial do conflito nunca é totalmente esclarecido. Apesar da curiosidade dos demais personagens, os oficiais nunca retornam ao tema. Por uma razão muito simples, não interessa. O que realmente importa é manter a honra a qualquer custo. Apesar do título (da capa do DVD e do livro também), tentar dar essa impressão, não é um filme de luta. A coreografia das cenas de duelo é primorosa, assim como a montagem e a trilha sonora utilizada. Mas elas definitivamente não são o elemento principal da trama. A honra, a obsessão, o absurdo, a sensação de vazio que acomete os personagens. Esses temas são os que interessam, são eles que empurram, alimentam e dão sentido à estória.

Antes mesmo de terminar de assistir, já o considerava, junto com Blade Runner, meu filme predileto desse diretor. Pouco conhecido e divulgado, certamente vale ser assistido e devidamente reverenciado como obra-prima que é.

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