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Oblivion

Oblivion

Oblivion (2013)
roteiro: Joseph Kosinski, Karl Gajdusek, Michael Arndt
direção: Joseph Kosinski
3 out of 5 stars

(resenha publicada originalmente no Vórtex Cultural, em 23/04/2013)

Sinopse:
Num futuro em que a superfície da Terra foi destruída, os raros humanos restantes vivem sobre as nuvens, fugindo dos alienígenas que andam pelas ruínas. Mas quando Jack, especialista em reparar a superfície terrestre, descobre uma mulher misteriosa, ele dá origem a uma série de eventos que o forçarão a questionar tudo o que ele conhece.
(fonte: Cinemark)

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Mesmo não sendo o suprassumo do gênero, este é um filme de sci-fi para fãs de sci-fi. Não só pela estória em si – felizmente não apenas um mundo pós-apocalíptico como pretexto para cenas de ação -, mas também pela infinidade de referências a outras obras de ficção científica que fãs mais aficcionados certamente se divertirão identificando. E a quantidade de referências chega a ser, ao mesmo tempo, qualidade e defeito, já que em vários momentos faz o espectador “sair” do filme ao tentar lembrar a qual obra se remete aquela cena, diálogo ou cenário. Numa contagem rápida e rasteira, há referências a oito filmes, sendo Wall-e e 2001 – A space odissey as mais óbvias – algumas das demais é preferível não citar pois configuraria spoiler.
(quem não se incomodar com spoilers, pode ver uma lista no final do post)

O roteiro foi baseado numa graphic novel homônima do próprio Joseph Kosinski, com desenhos de Arvid Nelson. E, assim como em seu filme anterior – Tron: the legacy – Kosinski apresenta ao espectador um ambiente visualmente interessante, bem menos grandioso mas totalmente condizente com a realidade do futuro não muito distante em que se passa a estória. A “casa” acima das nuvens em que vivem Jack Harper (Tom Cruise) e sua parceira, Victoria (Andrea Riseborough), com seu visual clean e asséptico – em branco e prata, além de muitas transparências – faz o contraponto na medida com o ambiente inóspito da “superfície”.

Interessante notar que os personagens também refletem essa dicotomia. Enquanto Vika parece fazer parte da residência – tão arrumada e estéril, sem nenhum fio de cabelo fora do lugar – Harper parece deslocado ali dentro, menos à vontade do que quando exposto à poeira da superfície devastada. E, em vários momentos, o comportamento de Vika – condicionado, irredutível, robótico até – faz pairar uma dúvida sobre sua humanidade. Em contrapartida, apesar dos trejeitos de Ethan Hunt, Harper é nitidamente mais “gente como a gente”, saudoso do planeta que conhecia antes do ataque alienígena. Completam a galeria de personagens Beech (Morgan Freeman) e Sykes (Nikolaj Coster-Waldau, o Príncipe Jaime de Game of Thrones).

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A primeira meia hora do filme é bastante lenta, com vários trechos que, se suprimidos, não fariam falta – inclusive a introdução inicial com narração em off, já que Harper repete toda a estória para Julia Kusakova (Olga Kurylenko) após resgatá-la. Além disso, várias cenas contemplativas, embora agradavelmente embaladas por Led Zeppelin, poderiam ser encurtadas sem prejuízo algum. Ao contrário, certamente o ritmo da narrativa se beneficiaria, evitando tantas “barrigas” durante o filme. É nítida a intenção do roteirista/diretor de apresentar detalhes do universo do filme e de seus personagens. Porém isso poderia ter sido feito não necessariamente de uma maneira mais dinâmica, mas certamente mais enxuta. O ritmo da trama parece se ajustar após esses 30 minutos iniciais, conseguindo mesclar bem as cenas de ação e as de questionamento e/ou explanação dos eventos. Infelizmente, as várias perguntas, tanto de Harper quanto do espectador, vão se acumulando no decorrer do filme e o roteiro tenta respondê-las nos 20 minutos finais. O clímax não fica bem resolvido, explicações são dadas às pressas e de forma explícita – o que de certa forma presume que o espectador seria incapaz de perceber certos detalhes – reafirmando a falta de consistência narrativa.

A premissa é boa, os personagens são bons, o filme é visualmente impressionante, os efeitos especiais são bem feitos, abundantes mas pouco invasivos, a trama tem alguma reviravoltas interessantes. Pena que o roteiro não consiga amarrar isso tudo de uma forma melhor. Tem-se a impressão de que há muitas boas ideias mas certa falta de maturidade ao organizá-las. Mas também há indícios de que Kosinski está no caminho certo, se continuar evoluindo desse modo.

  • Wall-e
  • 2001 – A space odissey
  • Matrix
  • Lunar
  • Fahrenheit 451
  • Star Wars
  • Planet of the apes
  • I am the legend

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