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Bingo: O Rei das Manhãs

Bingo: O Rei das Manhãs

Bingo: O Rei das Manhãs (2017)
roteiro: Luiz Bolognesi
direção: Daniel Rezende
4 out of 5 stars

Atualmente, quando estreia algum filme nacional que é distribuído para o grande público, as pessoas geralmente denigrem o longa antes mesmo de assisti-lo – e, convenhamos, não por falta de más experiências. Bingo não deve ser um desses, pois ele entrega tudo o que se espera de um bom filme e ainda dá um grande passo para os longas feitos para o grande público.

Augusto Mendes é um ator mal sucedido que ganha trocados fazendo pontas em novelas e pornochanchadas. Em um teste para um papel em uma novela, ele acaba se tornando a escolha para ser o palhaço Bingo, que havia acabado de chegar à tv brasileira. Atingindo grande sucesso, ele precisa manter sua identidade em segredo ou perder tudo que havia conquistado.

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Daniel Rezende faz sua estreia na direção de um modo brilhante, incríveis transições de tempo e espaço, planos-sequência muito bem montados e uma mise-en-scène que faz parecer que os anos 80 estão logo atrás das portas. A fotografia do filme, vale mencionar, que é comandada por Lula Carvalho, é um show a parte. O tom amarelado e o jogo com a luz contra a câmera, fazendo com que a sombra fique na frente, torna cada cena sutilmente mais linda. A câmera lenta é usada muito bem, aparece pouco mas torna alguns momentos mais emocionais na medida certa. A trilha sonora do filme é bem composta, deixando certas cenas dramáticas sem aquela famosa trilha melancólica e aquecendo outras cenas com composições calmas porém provocantes.

Vladimir Brichta está em uma atuação surpreendente. Ele já costumava fazer alguns papeis onde seu personagem era um cara cômico, mas nunca com uma boa carga dramática. Bingo trouxe para Brichta um desafio, que ele sem dúvidas superou – um homem perturbado, engraçado e sem controle de si mesmo. Leandra Leal faz a chefe durona. Augusto Madeira é o melhor amigo e o segundo alívio cômico (já que Brichta tira boas risadas do público). A participação de Domingos Montagner é brilhante, considerando o fato de que começou sua carreira artística em um circo, e no longa ele se torna o tutor de Brichta.

A direção e a fotografia transformam o que seria mais uma história de fama que sobe a cabeça em um filme bonito, cativante e prazeroso de se assistir. O roteiro é bem escrito, com exceção de algumas falas muito expositivas e forçadas, que estão ali apenas para fazer com que o filme passe para a próxima situação, sem nenhuma fluidez. Enquanto algumas cenas têm poucos cortes e são compostas por travellings, outras tem cortes excessivos.

Bingo: O Rei das Manhãs é um grande passo para o cinema brasileiro e para as produtoras que querem fazer filmes dramáticos para um grande público. Um acerto e tanto, que abre novas possibilidades para os cineastas que queiram contar suas histórias.

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