Nightcrawler (2014) – O abutre
roteiro e direção: Dan Gilroy
Enfrentando dificuldades para conseguir um emprego formal, o jovem Louis Bloom (Jake Gyllenhaal) decide entrar no agitado submundo do jornalismo criminal independente de Los Angeles. A fórmula é correr atrás de crimes e acidentes chocantes, registrar tudo e vender a história para veículos interessados.
(fonte: adorocinema.com)
Retrato sombrio dos tempos atuais, em que sacar o celular para registrar um momento se tornou mais importante que o momento em si, do que participar do momento – seja um show, um passeio, um acidente, um ato de violência.
Referência explícita a Kevin Carter, fotógrafo sul-africano ganhador do Pulitzer com a foto de um abutre espreitando uma criança. O fotógrafo – assim como o cinegrafista no filme – pode ser também considerado um abutre, mais ocupado em registrar a cena do que em ajudar a vítima.
A princípio, o filme conduz o espectador de forma a fazê-lo crer que a trama é uma história de superação, em que o protagonista se esforça para encontrar algo em que ele seja bom, eficiente e consiga ser pago por esse trabalho. Mas à medida que o filme avança, a empatia com o personagem dá lugar à repugnância pela forma com que ele conduz sua carreira e com que ele convive com as pessoas à sua volta.
A atuação de Gyllenhaal é essencial para que importemos com o personagem, mesmo sentindo um asco enorme por ele. Assim como Kevin Spacey, com seu Frank Underwood em House of Cards, Gyllenhaal faz um personagem que amamos odiar.